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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

OUTUBRO ROSA /CANCER DE MAMA

Câncer de mama não é tudo igual. Há os mais e os menos agressivos, e os que crescem mais ou menos rápido, por exemplo. Uma série de características vai permitir ao médico indicar o tratamento mais adequado, aquele com maior chance de trazer a cura no menor tempo possível, minimizando os riscos de recaída. Muitas vezes, porém, a paciente não fica sabendo o que significam tantos termos técnicos e quais são suas implicações, o que tende a aumentar ainda mais sua angústia nesse momento tão delicado.

DUCTAL OU LOBULAR
As primeiras informações sobre o tipo de tumor costumam vir no resultado da biópsia, que informa se o carcinoma (que é sinônimo para câncer de mama) é ductal ou lobular, classificação que diz respeito ao local da mama onde se originou o tumor.

As mamas são glândulas formadas por lobos, que se dividem em estruturas menores chamadas lóbulos e ductos mamários.

O tipo mais comum é chamado carcinoma ductal, porque se origina nas células dos ductos mamários. Já o carcinoma lobular, menos comum, tem origem nas células dos lóbulos mamários.

IN SITU E INVASOR
Além de ser lobular ou ductal, o tumor poderá ser também in situ ou invasor. Essa classificação indica se ele está contido num ponto específico da mama ou se já começou a se espalhar pelo órgão. “O tumor é revestido por uma membrana”, explica o médico Pedro Aurélio Ormonde do Carmo, chefe do serviço de mastologia do Hospital Câncer III, do Instituto Nacional do Câncer - Inca. “Se essa membrana não foi rompida e as células tumorais estão contidas dentro do nódulo, temos um carcinoma in situ. Se elas já atravessaram essa membrana, falamos de carcinoma invasor”. Todo tumor in situ, se não for tratado, tende a evoluir para invasor, completa o especialista. Por isso, a importância do diagnóstico precoce.

O câncer de mama pode ser ainda do tipo inflamatório, que é uma forma de apresentação incomum dos carcinomas invasores. “É um tipo mais agressivo, com mais risco de metástase”, afirma Ormonde do Carmo. O carcinoma inflamatório afeta cerca de 2,5% das pacientes e se diferencia dos demais pelo fato de deixar a mama inchada e avermelhada, podendo a pele adquirir o aspecto de casca de laranja. Isso acontece porque as células tumorais se disseminaram pelos vasos linfáticos da pele que recobre a mama.

RECEPTORES HORMONAIS
Seja ductal ou lobular, in situ ou invasivo, todos os tumores de mama devem ser testados quanto à presença de receptores para os hormônios femininos estrógeno e progesterona. Receptores são proteínas localizadas na superfície externa da célula. No caso dos receptores hormonais, sua presença indica que o tecido tumoral se prolifera em resposta a esses hormônios. “Essa informação é muito importante para o tratamento”, afirma o especialista do Inca. “Os tumores que são positivos para receptores hormonais têm melhor prognóstico, ou seja, são mais fáceis de curar”, acrescenta.

Cerca de 60% dos casos de câncer de mama são positivos para receptores de estrógeno e/ou progesterona. O teste avalia a presença de cada receptor separadamente. Se o resultado for positivo para algum deles ou para ambos, a paciente passa a receber, além do tratamento convencional (quimio e radioterapia, por exemplo), a chamada hormonioterapia, que impede o acoplamento do hormônio com seu receptor, retardando o crescimento tumoral. Normalmente, a medicação leva a uma interrupção temporária dos ciclos menstruais.

HER2 POSITIVO
Tão indispensável quanto o exame para receptores hormonais é o teste para o receptor HER2, que também é uma proteína localizada na membrana das células. “Em até 25% dos casos de câncer de mama, essa proteína aparece em excesso, indicando que se trata de um tumor mais agressivo, ou seja, o risco de recaída, após o tratamento convencional, é bem maior”, explica o oncologista Aman U. Buzdar, oncologista do MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, que esteve em São Paulo em setembro passado para um congresso organizado pelo Hospital A. C. Camargo.

Tal como os receptores hormonais, a positividade para HER2 implica no uso de uma medicação específica que se somará ao tratamento e cujo objetivo também é bloquear o receptor, diminuindo a velocidade de crescimento do tumor. Segundo Buzdar, nos casos em que a doença está em estágio inicial, o tratamento específico pode reduzir o risco de recorrência da doença em até 50%. “É muito importante que a paciente cobre do médico o teste de HER2”, completa o especialista.

TRIPLO NEGATIVO
Um tumor de mama pode ser positivo para estrógeno, progesterona e HER2. Ou pode ser positivo apenas para um ou dois desses receptores. Ou pode, ainda, ser negativo para todos eles, no que os oncologistas chamam de tumor triplo negativo. “São tumores mais agressivos”, afirma Ormonde do Carmo. “Como não há um receptor para atacar com medicamentos específicos, o tratamento é mais difícil”, acrescenta. Por outro lado, essas pacientes respondem melhor à quimioterapia. Os tumores triplo negativo representam cerca de 15% dos casos de câncer de mama.

MASTECTOMIA RADICAL OU CONSERVADORA
As características do tumor têm pouco efeito na decisão do mastologista sobre qual é o tipo de mastectomia mais indicado para cada paciente, se completa (radical) ou parcial (conservadora), explica Ormonde do Carmo. Tampouco é apenas o tamanho do tumor o principal fator a ser considerado. “O que importa é a relação entre o tamanho da mama e o da lesão.” Assim, uma mulher que usa sutiã número 38 e tem um tumor de 2 cm provavelmente fará uma mastectomia radical, enquanto outra, que usa sutiã 54 e está com um tumor de 5 cm, fará uma cirurgia conservadora, exemplifica o especialista. Ele esclarece que, como é preciso retirar o tumor e uma margem de tecido ao redor dele, muitas vezes as mamas menores são prejudicadas, porque o resultado estético da cirurgia conservadora não seria bom, por isso é melhor retirá-la por inteiro.

Independentemente da cirurgia e do tipo de câncer de mama, as lições que ficam são pelo menos duas. Em primeiro lugar, estar bem informada é fundamental. Conhecer as características do tumor diagnosticado é importante para discutir com o médico todas as decisões tomadas durante o tratamento. Em segundo, o diagnóstico precoce é vital em qualquer situação. Seja o tumor mais ou menos agressivo, quando descoberto em estágio inicial, as chances de curá-lo são sempre muito maiores. Para isso, a mamografia anual a partir dos 40 anos é indispensável.



CRÉDITOS P O BLOG www.mulherconsciente.com

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